Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007

FLOR D'ALMA !

 

 

UMA POETISA SINGULAR!

 

Grande figura da Cultura Portuguesa, bafejada pela sensibilidade artística, Florbela Espanca, soube imprimir na construção dos seus inúmeros sonetos, um grande nível equiparado ao de outros Grandes Poetas clássicos do género, como: Camões, Bocage, Antero de Quental e Cesário Verde.

A poesia de Florbela, caminha para a fusão da vida e da poesia lírica, numa incessante busca da plenitude artística. No que escreveu privilegiou sempre o amor e a paixão, que viveu com acertos e decepções, alegrias e amarguras, mas com tal intensidade e obsessão que a sua vida se traduzia num permanente desmesurado e estranho descontentamento!

 

Era então nos versos que procurava encontrar o refúgio dos seus desencantos e males, criando uma poética singularmente perceptiva donde jorrava a sedução e indução a participar da intimidade com prazer.

Assiste-se ao constante grito poético, evidenciando a plenitude do sentir e do viver mas em permanente descontentamento e frustração nos seus sonhos que sempre ambicionava, mas parecendo pôr em dúvida se os desejava ver realizados!

 

A magia da sua poesia faz-nos transparecer nela um ser diferente, um desejo de voar mais alto, um contentamento descontente, que acabaria sempre numa tremenda ansiedade e que culminaria numa solidão mórbida acentuando nela a inquietude nos seus desejos e ambições!

 

Destaco um dos belos sonetos de Florbela Espanca que aprecio e me enche a Alma de perguntas, do âmbito do Amor e a que a muitas delas, não encontro respostas que me saciem a vontade de entender o seu “Querer”!

 

florliridocampo

                                                                                                

 

SER POETA

 

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

 

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

 

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…

É condensar o mundo num só grito!

 

E é amar-te, assim, perdidamente…

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

 

 

 



publicado por florliriodocampo às 14:59
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